Ao longo do tempo, as religiões vão sofrendo algumas mudanças em suas estruturas, especialmente influenciadas pelas transformações da própria sociedade.
SINCRETISMO RELIGIOSO NO BRASIL
Sincretismo é a conexão de diferentes doutrinas que se unem para criar uma nova, embora com resquícios das originais. Essas doutrinas podem ter a natureza religiosa, como também filosófica.
A palavra sincretismo vem do grego “synkretismós”, que era a união do povo de Creta contra o inimigo invasor. Embora a expressão possa ser usada em diferentes campos do saber, é na união de religiões que o sincretismo é mais famoso. Trata-se do chamado sincretismo religioso, que é comum, por exemplo, na Bahia.
A formação do sincretismo
A formação do sincretismo está intimamente ligada ao convívio entre diferentes religiões, culturas e costumes. Com a intensificação da convivência entre sortidos grupos, no entanto, aparecem certos ajustes entre eles. Vão-se fundindo aos poucos mesclados aspectos culturais, posto que uma cultura acaba sendo absorvida por outra.
Embora ocorra uma fusão cultural entre povos, ressalta-se que a originalidade doutrinária persiste. Se assim não fosse, obviamente, não haveria que se falar em sincretismo, pois uma das culturas teria desaparecido. Como exemplo pode ser citada a forma com que a Igreja Católica catequizou os índios brasileiros. Os religiosos adaptaram os usos e costumes indígenas, posto que, assim foi mais fácil a conversão ao Cristianismo. Também é possível exemplificar com a fusão de elementos afros nos cultos católicos. Esse é o chamado sincretismo religioso.
Tradições Indígenas
São as religiões mais antigas do território brasileiro, praticadas pelos indígenas antes mesmo da chegada dos europeus. São muitas variantes, as quais dependem de cada comunidade indígena e possuem relação com os elementos da natureza.
No entanto, muitos aspectos destas religiões acabaram sendo modificados a partir da inserção das práticas do catolicismo no território, especialmente por parte dos padres jesuítas através da educação e catequização.
Os padres jesuítas da Companhia de Jesus realizaram um trabalho de educação e catequização dos indígenas no território brasileiro no contexto da colonização.
Com isso, os povos nativos recebiam um ensino de base católica por parte da ordem religiosa. Neste processo, vários costumes dos indígenas foram abolidos e modificados, tudo visando enquadrá-los na lógica da religião dos colonizadores.
Esse processo foi marcado por um profundo sincretismo religioso, pois incorporava-se posteriormente também a religião de origem africana (várias matrizes). Esses contatos e relações formaram o caráter sincrético da religiosidade brasileira.
O sincretismo religioso católico
A Igreja Católica sempre soube se adaptar à cultura local, afinal, com isso, agregava elementos nativos. Ao tomar para si usos e costumes de uma região, modificava-os conforme seu interesse e assim conseguia impor seus dogmas. Na Europa, conceitos de várias religiões foram usados, para com isso facilitar a pregação do Cristianismo. A celebração do Natal é um clássico exemplo, já que se tratava de uma festa pagã que comemorava o nascimento do deus sol. Numa jogada espetacular que culminou na conversão de vários povos, passou a ser a celebração anual do nascimento de Jesus Cristo. Outro exemplo: O cristianismo nasceu do judaísmo, e um dos pilares desta crença, a Torá, faz parte do conjunto de livros sagrados cristãos, a Bíblia. Igualmente, a grande festa judaica, a Páscoa, está presente no cristianismo, após ser ressignificada pelos cristãos.
A preservação da cultura africana
Os negros africanos, embora subjugados e escravizados, nunca desistiram de suas tradições. Era preciso resistir nas senzalas, inclusive se fosse levado ao pelourinho. Um povo só é de fato escravizado se sua cultura o for.
Então eles continuaram a cultuar seus orixás, pois eram suas crenças religiosas. Só que havia forte oposição da Igreja Católica, uma vez que ela classificava esses cultos como pagãos. E foi assim que os escravos criaram uma maneira de disfarçar o motivo das festas religiosas que promoviam.
Aos santos católicos foi dado o nome do orixá correspondente, ou seja, Exu se tornou Santo Antônio, Ogum passou a ser São Jorge e Oxossi, São Sebastião.
A liberdade religiosa está na cultura mesclada
Hoje tão só o sincretismo religioso está visível, só que há também o ideológico, como a luta pelo resgate de direitos igualitários. Na Bahia, por exemplo, o católico assiste à missa, mas também ajuda a lavar a escadaria da Igreja do Bonfim. Esse é um ritual inter-religioso que ocorre na cidade de Salvador.
As baianas vestidas de branco despejam água perfumada no átrio do templo. Nesse momento, batem palmas, tocam atabaques e entoam cânticos de origem africana. Tudo isso com a conivência e até apoio dos sacerdotes, sendo o ponto alto da festa religiosa.
Fonte: adaptado dos sites: https://conhecimentocientifico.r7.com/sincretismo/ https://www.estudopratico.com.br/sincretismo-religioso/
ATIVIDADE.
1ª - A partir da leitura do texto acima, elabore quatro perguntas com respostas no seu caderno sobre sincretismo religioso.
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